António Feijó – 1859 – 1917
Data: 09 de junho a 10 de julho
Local: Átrio da Biblioteca Pública de Braga – Praça do Município
segunda a sexta feira das 9:00h às 12:30h, das 14:00h às 17:30h
António Feijó nasceu em Ponte de Lima em 1859 e morreu em Estocolmo/Suécia em 1917. Oriundo de uma família aristocrata minhota, recebeu uma distinta educação para a época. Fez os estudos preparatórios em Braga, onde, ainda estudante, publicou os seus primeiros poemas.
“Poeta de rara sensibilidade, culto, lúcido, espirituoso, com grande sentido rítmico, deixou uma vasta obra, marcada pelo romantismo, pelo parnasianismo, de que foi primeira figura, e finalmente pelo simbolismo saudosista. São do domínio comum sonetos seus de impecável acabamento, como o célebre «Pálida e loira».
Bacharel formado em Direito pela Universidade de Coimbra, cônsul em Pernambuco, cônsul no Rio Grande do Sul, encarregado de negócios e depois ministro plenipotenciário na Suécia, Noruega e Dinamarca, a sua existência cosmopolita projeta-se numa irónica e civilizada visão do mundo, sempre fiel, no entanto, às raízes lusitanas, e com um pendor para a evocação enternecida, levemente mórbida, do Outono e da pátria longínqua. Sofreu influências nítidas de Théodore de Banville, de Leopardi, de Victor Hugo e de Baudelaire. Soube, aliás, reformular com talento as aquisições estéticas que foi acumulando ao longo do seu peregrinar pela Europa e pelos trópicos. O seu Cancioneiro Chinês, inspirado em La Poésie des Tangs, de Rémusat, e no Livro de Jade, traduzido por Judith Gauthier, insere-se na voga finissecular do orientalismo.
O melhor de António Feijó, cuja obsessão da morte, e particularmente da morte física, ficou gravada em vários poemas inspirados ora pela gelidez hierática do cadáver de uma tricana de Coimbra (a «Pálida e loira»), ora pela esposa amada que o poeta perdeu no apogeu da vida, acha-se talvez nas Bailatas e Novas Bailatas, estas últimas publicadas postumamente.” 1
Integrada nas comemorações dos seus 175 anos da Biblioteca Pública, e no âmbito do ciclo “Efemérides”, promove uma exposição evocativa do primeiro centenário da morte de António Feijó, recordando o poeta-diplomara, que ocupa um lugar relevante na poesia portuguesa do período de transição do século XIX para o século XX.
Com cariz bibliográfico e documental, a exposição reúne um conjunto de publicações que contempla a biografia, a produção literária, trabalhos sobre a sua obra (incluindo análises, ensaios, trabalhos académicos e conferências) e por último, periódicos sobre os momentos marcantes da sua vida e as homenagens que lhe foram prestadas.
Fontes de Informação:
1. Dicionário cronológico de Autores Portugueses, vol. VII, Lisboa, 1990
Poesias completas [de] António Feijó; pref. e fixação do texto de J. Cândido Martins, Porto 2004
António Feijó/ Desenho IN Viajar com… António Feijó / José Cândido de Oliveira Martins. – [Vila Real]: Direção Regional de Cultura do Norte; [Porto]: Caixotim, D.L. 2009. – (Viajar com … os caminhos da literatura. Série 2)
Bibliografia Ativa
Sacerdos Magnus, 1881
Transfigurações, 1882
Líricas e Bucólicas, 1884
A Janela do Ocidente, 1885
Ilha dos Amores, 1897
A Instrução Popular na Suécia, 1901
Cancioneiro Chinês, 1903
A Viagem de Pedro Afortunado, 1906
Bailatas, 1907
Sol de inverno: últimos versos: 1922
Novas Bailatas, 1926
Poesias Completas, 1939
Cartas Íntimas de António Feijó, 1961
Sol de Inverno seguido de Vinte Poemas Inéditos, 1981
Cartas a Luís de Magalhães (correspondência), 2004
Poesias completas, 2004
Poesias dispersas e inéditas, 2005
Bibliografia Passiva
Anselmo, Manuel. A paisagem e a melancolia no drama lírico de Feijó, [S.l.]: Cosmopólia, 1933 (Viana [do Castelo]: Tip. A Aurora de Lima)
Brandão, Fernando de Castro. António Feijó: Diplomata, [S.l.]: Europress, 2008
Dantas, Luís. António Feijó: a boémia estudantil e os primeiros versos, s.l.: s.n., 2009
Duarte, João José Pereira da Silva. António Feijó e a Suécia, Gotemburgo: Inst. Ibero Americano, 1961
Ferreira, António. Elogio regionalista de António Feijó, Porto: Comp. Portuguesa, [1928]
Ferreira, António. Um passeio cultural na obra de António Feijó, Ponta de Lima: Câmara Municipal, 1959
Lisboa, João Vieira. Dois manuscritos de António Feijó, [S.l.: s.n.], 1962 (Ponte de Lima: Tip. Guimarães)
Lopes, António da Costa. O pessimismo filosófico de António Feijó, Braga: [S.l.], 1962
Martins, José Cândido de Oliveira. Viajar com… António Feijó, – [Vila Real]: Direção Regional de Cultura do Norte; [Porto]: Caixotim, D.L. 2009
Mourão-Ferreira, David (1969). António Feijó, in Tópicos de Crítica e História Literária, Lisboa, União Gráfica, p. 233-238
Pimenta, João Araújo. Gota – o tormento de António Feijó: (uma digressão médica pelo legado epistolar deste poeta), Ponte de Lima: Liga dos Amigos do Hospital, 2004
Ramos, Carlos Manuel. A mais bela aventura de António Feijó, Lisboa: Imprensa Nacional, 1935
Ramos, Manuela Delgado Leão. António Feijó e Camilo Pessanha no panorama do orientalismo português, Lisboa: Fundação Oriente, 2001
Rodrigues, Urbano Tavares (1985). Feijó, António Joaquim de Castro, in Jacinto P. Coelho (dir.), Dicionário de Literatura, vol 2, 3ª ed., Porto, Figueirinhas, p. 328-329
Sampaio, Albino Forjaz de, 1884-1949, ed. lit.; Machado, Saavedra. Os poetas: António Feijó: a sua vida e a sua obra, [S.l.: s.n.], 1931 (Lisboa: Emp. do Diário de Notícias)
Santos, Zulmira C. (1984). “Subsídios para uma leitura intertextual de Transfigurações de António Feijó”, Revista da Faculdade de Letras (Línguas e Literaturas), Porto, II série, vol. I, p. 277-285
Santos, Zulmira C. (1986). António Feijó, uma Poética de Síntese, Porto, Faculdade de Letras [Tese de Mestrado]
Viana, António Manuel Couto. Coração arquivista, Lisboa: Editorial Verbo, 1977
Pálida e Loira
Morreu. Deitada no caixão estreito,
Pálida e loira, muito loira e fria,
O seu lábio tristíssimo sorria
Como num sonho virginal desfeito.
Lírio que murcha ao despontar do dia,
Foi descansar no derradeiro leito,
Ás mãos de neve erguidas, sobre o peito,
Pálida e loira, muito loira e fria…
Tinha a cor da rainha das baladas
E das monjas antigas maceradas,
No pequenino esquife em que dormia…
Levou-a a morte em sua garra adunca!
E eu nunca mais pude esquecê-la, nunca!
Pálida e loira, muito loira e fria…
pálida e loira, muito loira e fria.
António Feijó, Lyricas e Bucólicas, 1884; in Poesias Completas