Antero de Quental – 1842 – 1891
Data: 04 a 31 de outubro
Local: Átrio da Biblioteca Pública de Braga
Segunda a sexta-feira das 9:00h às 12:30h e das 14:00h às 17:30h
Antero de Quental nasceu em 1842, em Ponta Delgada – Açores -, e aí morre em 1891. Figura relevante da cultura portuguesa, é o símbolo de um dos nossos mais marcantes movimentos intelectuais, a chamada Geração de 70. Prosador brilhante e notável poeta, é ainda referencia obrigatória no ensaísmo filosófico e literário, na politica militante e no jornalismo.
Com a publicação em 1865 de Odes Modernas e do folheto Bom Senso e Bom Gosto – Carta ao Exmº Sr. António F. de Castilho, Antero dá início à grande polémica literária do século XIX em Portugal, conhecida como a Questão Coimbrã, que rompe com o Ultra-Romantismo e prepara o advento da poesia moderna.
É o principal promotor e um dos oradores do ciclo Conferencias do Casino, organizadas em Lisboa, em 1871, com o objetivo de se estudarem reformas conducentes a uma mudança politica, literária e social porque “não pode viver e desenvolver-se um povo isolado das grandes preocupações intelectuais do seu tempo”. Causas da Decadência dos Povos Peninsulares, título da primeira conferencia, é, para Eduardo Lourenço (no Prefácio, da edição Tinta da China, 2008), “o texto que desde o seu nascimento se tornou na referência mítica da cultura portuguesa moderna, ou com mais precisão, o seu próprio ato fundador
Como poeta editou ainda, em 1886, Sonetos Completos que, prefaciados por Oliveira Martins, são apresentados de modo a formarem uma espécie de autobiografia intelectual deste autor. O seu último ensaio filosófico, Tendências da Filosofia na segunda metade do século XIX, foi publicado na Revista de Portugal, dirigida por Eça de Queirós, no primeiro trimestre de 1890.
Integrada nas comemorações dos seus 175 anos, a Biblioteca Pública de Braga, no âmbito do ciclo “Efemérides”, promove uma exposição evocativa do 175º aniversário do nascimento de Antero de Quental, recordando um dos grandes vultos da cultura portuguesa.
Fontes:
Dicionário Cronológico de Autores Portugueses, Vol. II, Lisboa, 1990
Arquivo de Cultura Portuguesa Contemporânea da Biblioteca Nacional Digital
http://purl.pt/14355/1/
Bibliografia Ativa
Tendências Gerais da Filosofia na Segunda Metade do Século XIX ; sd
Sonetos de Antero, 1861
A Dignidade das Letras e as Literaturas Oficiais, 1865
Bom Senso e Bom Gosto – Carta ao Excelentíssimo Senhor António Feliciano de Castilho, 1865
Odes Modernas, 1865
Causas da decadência dos povos peninsulares nos últimos três seculos, 1871 ; 2016
Considerações sobre a Filosofia da História Literária Portuguesa, 1872
Primaveras Românticas – Versos dos Vinte Anos (1861-1864), 1872
Sonetos, 1881
Tesouro Poético da Infância, 1883
Os Sonetos Completos de Antero de Quental, 1886
Raios de Extinta Luz, 1892
Sá de Miranda, 1894
Cartas, 1915 ; 1989
Prosas, 3 vols., 1923 ; 1946
Cartas Inéditas a Oliveira Martins, 1931
Cartas a António de Azevedo Castelo Branco, 1942
Contra capas, 2008
Poesia I : Odes modernas; Primaveras românticas, 2016
Bibliografia Passiva
Almeida, António Ramos de. Antero de Quental, Porto: Livraria Latina Editora, 1943, [2 vols.].
Buescu, Helena Carvalhão. A lua, a literatura e o mundo, Lisboa: Edições Cosmos, 1995.
Carreiro, José Bruno. Antero de Quental : subsídios para a sua biografia, Ponta Delgada/Braga: Pax, 1981.
Coelho, Adolfo. O supposto escandinavismo de Anthero de Quental, Porto: Livraria Chardron, 1897.
Coelho, Joaquim Francisco. Microleituras de Antero, 1ªed., Lisboa: Difel, 1993.
Coimbra, Leonardo. O pensamento filosófico de Antero Quental, Lisboa: Guimarães Editores, 1991.
Cortesão, Jaime. A arte e a medicina : Antero de Quental e Souza Martinz, Coimbra: França Amado, 1910.
Júdice, Nuno. O processo poético : estudos de teoria e crítica literárias, Lisboa: INCM, 1992.
Lopes, Óscar. A busca de sentido : questões de literatura portuguesa, Lisboa: Editorial Caminho, 1994.
Lopes, Óscar. Antero de Quental : vida e legado de uma utopia, Lisboa: Editorial Caminho, 1983.
Lourenço, Eduardo. Poesia e metafísica: Camões, Antero, Pessoa, Lisboa: Sá da Costa, 1983.
Magalhães, Luís de. Antero de Quental em Vila do Conde, Lisboa: Tinta da China, 2010.
Martins, Ana Maria Almeida. Antero de Quental : Fotobiografia, 2ªed., Lisboa/Ponta Delgada: Câmara Municipal de Ponta Delgada, 2008.
Martins, Ana Maria Almeida. Antero de Quental e a viagem à América, Lisboa: Tinta da China, 2011.
Martins, Ana Maria Almeida. O essencial sobre Antero de Quental, 3ªed., Lisboa: INCM, 2001.
Saraiva, António José. A tertúlia ocidental : estudos sobre Antero de Quental, Oliveira Martins, Eça de Queiroz e outros, Lisboa: Gradiva, 1990.
Serrão, Joel. Temas oitocentistas II, Lisboa: Livros Horizonte, 1978.
Teixeira, Luís. Vida de Antero de Quental, s.n., 1942.
Hino à Razão
Razão, irmã do Amor e da Justiça,
Mais uma vez escuta a minha prece.
É a voz dum coração que te apetece,
Duma alma livre só a ti submissa.
Por ti é que a poeira movediça
De astros, sóis e mundos permanece;
E é por ti que a virtude prevalece,
E a flor do heroísmo medra e viça.
Por ti, na arena trágica, as nações
buscam a liberdade entre clarões;
e os que olham o futuro e cismam, mudos,
Por ti podem sofrer e não se abatem,
Mãe de filhos robustos que combatem
Tendo o teu nome escrito em seus escudos!
Antero de Quental, in “Sonetos”
A um Poeta
Tu que dormes, espírito sereno,
Posto à sombra dos cedros seculares,
Como um levita à sombra dos altares,
Longe da luta e do fragor terreno.
Acorda! É tempo! O sol, já alto e pleno
Afugentou as larvas tumulares…
Para surgir do seio desses mares
Um mundo novo espera só um aceno…
Escuta! É a grande voz das multidões!
São teus irmãos, que se erguem! São canções…
Mas de guerra… e são vozes de rebate!
Ergue-te, pois, soldado do Futuro,
E dos raios de luz do sonho puro,
Sonhador, faze espada de combate!
Antero de Quental, in “Sonetos”