Padre António Vieira

[Gravura água forte e burril, p&b] in Vera effigies celeberrimi P. Antonii Vieyra … / Arnoldo Van Westerhout sculp.Rom. Sup. Perm.. – [Romae? : s.n.,1700 e 1725?] | Biblioteca Nacional

António Vieira nasceu em 1608, em lisboa, a 6 de fevereiro, e morre, no Brasil, no Colégio da Bahia em 18 de julho de 1697. Oriundo de uma família modesta, ingressou na Companhia de Jesus em 1632. Dois anos depois fez votos de pobreza e propôs-se missionar entre os ameríndios e os escravos negros. Pouco depois da sua ordenação como padre começou a espalhar-se a sua grande fama de pregador, perpetuando-se o seu prestigio, por mais de três séculos, até aos nossos dias.

O Dicionário cronológico de Autores Portugueses (vol. VI, Lisboa, 1989) apresenta o Padre António Vieira como “O maior orador sacro português, homem de ação, missionário e visionário, que conjuga enigmaticamente os seus anelos utópicos com um forte sentido de realismo politico. Durante o período duríssimo da Restauração procurou consolidar a independência nacional e garantir a continuidade do império português, empenhando-se igualmente na defesa dos índios do Brasil e dos direitos humanos».

Integrada nas comemorações dos seus 175 anos, a Biblioteca Pública de Braga, no âmbito do ciclo “Efemérides”, promove uma exposição evocativa do 320º aniversário da morte do Padre António Vieira, recordando a excelsa figura a quem os índios do Maranhão chamaram o Padre Grande.

Dando particular destaque a peças bibliográficas especialmente raras registadas na coleção de Reservados desta Biblioteca, procurou-se documentar e ilustrar às múltiplas temáticas que a atividade deste autor e a sua obra literária ofereceram e continuam a oferecer ao leitor. A bibliografia ativa e passiva que nela figura visa precisamente provar, embora por simples amostragem, o regular e o grande volume, em termos editoriais e de investigação, que ela tem dado lugar.

Cronologia

1608 6 de fevereiro Nasce em Lisboa, na freguesia da Sé, filho de Cristóvão Vieira Ravasco e de Maria de Azevedo.
1608 15 de fevereiro Batizado na Sé de Lisboa.
1614 Parte com os pais para a Bahia, Brasil.
1623 5 de maio

Ingressa na Companhia de Jesus. Anteriormente, desde data desconhecida, que frequentava o Colégio da Companhia na Bahia.

1625 6 de maio

Faz votos de noviço.

1626 30 de setembro Escreve o relatório anual da Província dirigido ao Geral da Companhia de Jesus em Roma.
1627 Parte para Olinda onde ensina Retórica no Colégio Jesuíta.
1633 Prega o primeiro sermão em público, Sermão da Quarta Dominga da Quaresma, na Igreja de Nossa Senhora da Conceição da Praia, em Salvador da Bahia.
1634 10 de dezembro Ordenado sacerdote presbítero.
1634 13 de dezembro Celebra a sua primeira missa, na cidade da Bahia.
1638 Nomeado professor de Teologia para o Colégio da Companhia de Jesus na Bahia.
1640 maio ou junho Ante o ataque holandês à Bahia, prega o Sermão pelo bom sucesso das armas de Portugal.
1641 27 de fevereiro Embarca com destino a Lisboa para, integrado numa comitiva, afirmar a adesão da Bahia ao novo rei D. João IV.
1641 28 de abril Chega a Peniche, após atribulado fim de viagem.
1641 30 de abril Tem o primeiro encontro com D. João IV.
1642 1 de janeiro Prega pela primeira vez na Capela Real.
1643 3 de julho Apresenta a Proposta feita a El-Rei D. João IV em que se lhe representava o miserável estado do Reino e a necessidade que tinha de admitir os judeus mercadores que andavam por diversas partes da Europa.
1644 20 de abril Pelos seus serviços, o rei promulga alvará de promessa de hábito de Cristo e tença de 40 mil réis anuais a favor do pai de Vieira.
1644 26 de maio E nomeado pregador régio.
1646 21 de janeiro Faz a profissão solene na Casa de S. Roque da Companhia de Jesus (Lisboa).
1646 1 de fevereiro Parte para Paris como encarregado de negócios diplomáticos do rei.
1646 21 de fevereiro Chega a Paris.
1646 12 de abril Chega a Calais depois de ter passado em Ruão onde contactou a comunidade portuguesa judaica.
1646 18 de abril Chega a Haia.
1646 julho Regressa a Lisboa da sua primeira missão diplomática.
1647 13 de agosto Parte de Lisboa para uma segunda missão diplomática.
1647 27 de setembro Deixa Londres onde deve ter contactado a comunidade judaica portuguesa.
1647 11 de outubro Chega a Paris, onde a 17 deste mês foi recebido pelo cardeal Mazarino.
1647 17 de dezembro Chega a Haia onde fará inúmeras diligências relacionadas com a celebração da paz com a Holanda e com a compra de navios para Portugal.
1648 15 de outubro Chega a Lisboa do périplo francês e holandês.
1649 8 de março Por sua sugestão é criada a Companhia de Comércio para o Brasil, com capitais maioritariamente de cristãos-novos.
1649 17 de dezembro D. João IV dá uma série de mercês a familiares de Vieira.
1649 Começa a redação da História do Futuro.
1649 22 de outubro Primeira denúncia contra Vieira na Inquisição.
1649

Sofre pressões para abandonar a Companhia de Jesus e o Rei propõe-lhe um lugar de bispo.

Tudo recusou.

1650 8 de janeiro Partiu para Roma para tentar o casamento do príncipe D. Teodósio com a filha de Filipe IV e para instigar motins em Nápoles contra Castela.
1651 16 de fevereiro Chega a Roma depois de ter aportado em Barcelona.
1651 junho Deixa Roma em direção a Lisboa.
1652 25 de novembro Embarca para o Brasil com o objetivo de se dedicar à missionação dos indígenas.
1653 16 de janeiro Chegou a S. Luís do Maranhão.
1653 2 de março Prega pela primeira vez no Maranhão, onde se começa a manifestar alguma oposição à sua ação por parte dos colonos.
1653 5 de outubro Visita Belém.
1654 16 de junho Parte para Lisboa. Na viagem foi apanhado por uma tempestade. Salvo por piratas holandeses foi deixado na ilha de S. Miguel, Açores.
1654 24 de outubro Deixa S. Miguel a bordo de uma embarcação inglesa.
1655 fevereiro Prega o célebre Sermão da Sexagésima, em Lisboa.
1655 9 de abril Consegue diploma régio que limitava a possibilidade de fazer cativos os indígenas do Brasil e que outorgava aos Jesuítas a administração dos índios.
1655 16 de abril Está em Lisboa de onde escreve a um padre da Companhia a dizer que no dia seguinte embarcava para o Maranhão, onde já estará em Agosto
1659 29 de abril Escreve a André Fernandes, bispo eleito do Japão, a carta, habitualmente intitulada Esperanças de Portugal, onde apresenta as teses que serão a base da sua futura perseguição pela Inquisição.
1659 16 de agosto Parte para as missões de índios Nheengaíbas.
1660 3 de março Parte em missão para a serra de Ibiapaba.
1661 8 de setembro Após vários conflitos com os colonos, os Jesuítas são expulsos do Maranhão e Pará e deportados para Lisboa
1662 6 de janeiro Está de novo em Lisboa, onde prega o Sermão dá Epifania.
1662 julho É desterrado para o Porto na sequência da subida ao trono de Afonso VI.
1663 fevereiro Deixa o Porto e prossegue o seu banimento em Coimbra.
1663 21 de junho É ouvido pela primeira vez na Mesa do Santo Ofício de Coimbra.
1666 1 de outubro É preso nos cárceres de custódia da Inquisição de Coimbra.
1667 23 de dezembro E proferida a sentença inquisitorial que o condena.
1668 12 de junho É anulada a pena do Santo Ofício que lhe havia sido imposta.
1669 15 de agosto Desiludido com D. Pedro parte para Roma.
1669 21 de novembro Chega a Roma.
1675 17 de abril Obtém breve papal que o isenta da jurisdição do Santo Ofício e o submete unicamente à autoridade papal.
1675 17 de maio Parte de Roma, onde deixa fama de grande pregador.
1675 23 de agosto Chega a Lisboa
1679 Sai impresso o primeiro volume da edição princeps dos Sermões.
1679 Declina um convite para ser confessor da Rainha Cristina da Suécia.
1681 17 de janeiro Parte para a Bahia pela última vez onde reside na Quinta do Tanque, casa de campo do Colégio Jesuíta de Salvador da Bahia.
1683 4 de junho Acusado de cumplicidade no assassinato do alcaide da Bahia.
1684 Nova revolta contra a presença dos Jesuítas no Maranhão. Vieira escreve ao rei dando-lhe notícia do sucedido.
1688 maio É nomeado Visitador Geral da Província do Brasil.
1694 Redige parecer a favor da liberdade dos índios contra administrações particulares de S. Paulo.
1696 Compõe o seu último sermão: Sermão do Felicíssimo Nascimento, louvando o nascimento da infanta D. Teresa Maria Francisca Josefa.
1697 12 de julho Já cego, dita a sua última carta, dirigida a Tirso Gonzalez, Geral da Companhia de Jesus.
1697 18 de julho Faleceu no Colégio da Bahia. Os ofícios foram feitos na Sé da Bahia e ele foi sepultado na Igreja do Colégio dos Jesuítas.

 

Fonte de informação:

PORTUGAL. Biblioteca Nacional
Padre António Vieira, 1608-1697 : catálogo da exposição  /Biblioteca Nacional . – Lisboa : BN., 1997 . – 175, [1] p. :il ; 30 cm